Rock Clássico: tudo que você precisa saber sobre o gênero

Rock Clássico: tudo que você precisa saber sobre o gênero

Aaaah, o que seria de nossos pobres ouvidos apaixonados por peso, guitarras distorcidas e berros (aqui você pode imaginar tanto Mr. Robert Plant entoando um enérgico e agudo “Said I’ve been crying, yeah!” quanto um furioso Max Cavalera rugindo “SLAVES OF PAIN” em alto e bom som) sem o Rock Clássico? 

Power Metal, Indie Rock, Grunge, Shoegaze… Seja qual for a sua ramificação favorita, o fato é: aquela geração de bandas que surgiram nas décadas de 60 e 70 com o Classic Rock foram peças essenciais para que hoje (cinquenta anos depois) você esteja com seu fonezinho de ouvido curtindo um som pesado no Spotify. 

Mas afinal, o que foi essa geração do Rock Clássico? O que de tão extraordinário ela fez para criar um subgênero ainda relevante nos anos 2010, apelidado como “Clássico”? Bem, isso é uma resposta que precisa ser respondida com calma e mastigadinha nos mínimos detalhes, afinal, o termo “Clássico” é meio subjetivo, né?

Então take it easy porque embarcaremos em uma viagem (não é a viagem que o pessoal da Flower Power nos anos 60 curtia, hein?) sobre o gênero no decorrer do artigo! 

O Rock Clássico e a Carminium

Fato é que essa geração dos anos 70 chegou com força até os confins do subúrbio do Rio de Janeiro, nos inspirando a Carminium diretamente. Com os grandes solos de guitarra, agudos vocais, sintetizadores e versões de músicas do Black Sabbath, The Who e Deep Purple no repertório, nós bebemos muito na fonte do Rock Clássico. Principalmente do Deep Purple! Isso tudo, (exceto as versões), pode ser ouvido na Train Of Souls:

Escuta também o solo de teclado da Social Phobia que logo vai sacar aquela linguagem meio Jon Lordiana:

A História do Rock Clássico

Remontar a origem de algo já não é lá das tarefas mais fáceis. Quando estamos falando de um assunto tão vasto e com tantos desdobramentos, como o Rock Clássico, fica tudo mais difícil. Maaas, vamos começar pelo ponto comum que originou tudo que, depois dele, usasse guitarras distorcidas: o Blues do Mississipi.  

O surgimento do Blues foi um lance bem peculiar e único. Os escravos que trabalhavam nas fazendas de algodão no Delta, ao ouvirem o som dos trens passando pelos trilhos, emulavam aquela levada característica no violão e TCHARÃÃ! Nasce aí o famosíssimo ritmo de doze compassos!

Somando com as melodias vocais que transmitiam a melancolia do trabalho no campo com as letras igualmente melancólicas, surgiu o bom e velho Blues. Mas foi depois da popularização da guitarra elétrica nos anos 40/50 que a coisa começou a tomar a forma que conhecemos hoje (e sendo a raíz do Classic Rock). 

Já devidamente plugado e eletrificado (no melhor sentido da palavra), o Rock começou a deixar crescer suas ramificações com o autêntico, puro e original Rock N’ Roll e o Rockabilly, que surgiram em um processo de evolução natural do bom e velho Blues do Delta preparando terreno para o som que viria nas próximas décadas.

Sobre o Rock N’ Roll, pense em Chuck Fucking Berry debulhando tudo na introdução de Johnny B. Goode:

Rock Clássico nos anos 60: My Generation: A paz Estadunidense e o Caos Britânico

Fala a verdade: quando falamos de Classic Rock – e música – nos anos 60, a primeira imagem que vem na nossa cabeça é de Woodstock, certo? Psicodelia, paz e amor foram as grandes palavras de ordem daquela geração dos babyboomers que marcou a contracultura mundial e fechou o ciclo de uma década de 60 cansada pela Guerra do Vietnã.

Bandas como o (super hiper) Power Trio Jimi Hendrix Experience, Janis Joplin e o Creedence Clearwater Revival marcaram o evento com apresentações memoráveis. Mas não, o Rock Clássico americano na década de 60 não se resume apenas ao Woodstock. Pelo contrário!

O evento, que rolou em 69, só fechou com grande estilo os anos que brindaram o mundo com os sintetizadores e psicodelia do The Doors e Grateful Dead. Ou com a reverberação e atmosfera praiana dos The Beach Boys  No velho continente, mais precisamente na Inglaterra, um lance um pouquinho diferente estava rolando.

Integrantes do The Who, uma das primeiras bandas de Classic Rock
Integrantes do The Who

Como uma explosão (no caso do The Who, literalmente), a invasão britânica foi um verdadeiro frenesi no mundo da música – o que futuramente eclodiria no Rock Clássico. O ano da virada foi em 1964, quando os Beatles apareceram pela primeira vez na mídia americana.

Não preciso nem dizer que aquela apresentação dos meninos de Liverpool no Ed Sullivan Show quebrou paradigmas e criou um novo fenômeno, né?

Com os Beatles invadindo as Américas mais rápido que um solo do Yngwie Malmsteen após tomar substâncias duvidosas, outras incríveis bandas também conquistaram espaço. O The Who com sua faceta caótica e destruidora e os Rolling Stones, que levavam um lado mais sensual e sex symbol são os exemplos mais óbvios do Classic Rock.

Mas um outro pessoal sensacional, tipo o The Kinks e o The Animals, também fizeram um barulho grande fora da terra da rainha!

A verdade é uma só: a década de 60 foi determinante para o Rock Clássico. Foram os dez anos que prepararam terreno para a grande ascensão do som pesado que viria acontecer nos 70’s. Foi um passo antes dos grades tornarem-se colossos. 

Rock Clássico nos anos 70 – Snowblind: Quando os gigantes caminhavam sobre a terra 

Chegamos na efervescência, no ponto máximo, no clímax do Rock Clássico. Na década da Disco Music, um tipo de sonoridade completamente novo surge no Reino Unido. Com o pé na porta, distorção ligada e – por que não? – com o nariz um pouco sujo de branco. 

Era o primeiro ano da década em uma Birmingham suja, industrial e pesada quando os portões do purgatório foram abertos ao Classic Rock. Foram necessárias três notas – que continham o trítono – para uma antiga banda de blues que percebeu que “ok, as pessoas pagam para ter medo. Faremos medo nelas” criar o Heavy Metal.

A Polka Tulk não era mais suficiente para Tony, Ozzy, Geezer e Bill. Nem o Earth. Em 1970 com seu primeiro álbum autointitulado, o Black Sabbath, filho pródigo do Rock Clássico, nascia com uma faixa homônima.

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O Sabbath era diferente. Não pela temática ocultista, que outras bandas (vide o ótimo Coven) já tinham desenvolvido. Mas pela soma de fatores de uma sonoridade densa, maciça e sombria que tornou-se o ponto de virada sobre o que seria o Rock Clássico a partir daquele momento.

E convenhamos: muitos créditos, pompa e agradecimento ao pai do Metal Tony Iommi. Aliás, seria muito politicamente incorreto agradecer também à placa de ferro que o forçou a desenvolver um novo método de tocar guitarra?

Um ano depois, em 1971, uma banda londrina remanescente dos New Yardbirds que já vinha fazendo certo barulho desde o final da década de 60 lança seu Magnum Opus.  Misteriosamente, um álbum sem nome e sem nenhuma informação lingüística na capa. E na real? Não precisava de muitas informações. O Rock Clássíco deles falava por si só.

Led Zeppelin: um ícone do Rock Clássico
Jimmy Page e Robert Plant em ação

Com 23 milhões de cópias vendidas em solo americano, o que popularmente ficou conhecido como Led Zeppelin IV é até hoje considerado um dos (e quiçá O) discos mais importantes da história do Classic Rock. 

Em uma atmosfera que varia entre as já conhecidas e claras influências blueseiras remanescentes dos três primeiros álbuns e algumas pinceladas de Folk e mitologia Tolkiana, o Led IV é um desfile de riffs enxutos, belas passagens acústicas no Rock Clássico. Além de, na singela opinião (que ninguém pediu mas eu que estou escrevendo o artigo, logo, ninguém precisa pedir) desse que vos escreve, um show à parte de Mr. Bonzo. 

E claro, não podemos deixar de comentar sobre a batida mas nunca saturada Stairway To Heaven, considerada pela Rolling Stone como terceira melhor canção do Rock N’ Roll. Um marco para o Classic Rock!

Agora vamos fazer um exercício mental: pensa em um riff de guitarra que você ache que seja popular. Ok, talvez você seja do grupinho que pensou em Sweet Child O’ Mine. Mas se você faz parte de 80% das pessoas normais (fonte: vozes da minha mente), pensou em Smoke On The Water – Classic Rock que ainda traz boas lives até hoje:

Esse marco do Rock Clássico estava presente no trabalho de maior relevância do Deep Purple! Lançado em 1972 e gravado ao vivo (sem overdubs. Cruzão mesmo!), o Machine Head é um compilado de canções matadoras que unem de forma muito natural o espírito do Classic Rock com um direcionamento beirando o erudito. 

E muito desse lado vem, principalmente, de dois pilares de virtuosismo da banda: Ritchie Blackmore (que ó, se hoje você curte o seu Rising Force do Malmsteen, agradeça esse cara) e Jon Lord. Dois maestros do Classid Rock!

A cozinha certeira de Paice e Glover somada com a voz sinônima de Rock N’ Roll do Ian Gillan fecham o pacote e entregam um álbum de Rock Clássico inteiro de pedradas que chegam a apequenar sua canção mais badalada (e nesse caso, um pouquinho saturada 😂). 

Apesar do trio Led, Sabbath e Purple representar a faceta mais lembrada quando ouvimos o termo “Rock Clássico”, muitas outras bandas de Rock Clássico brilharam nos anos setenta. Algumas tornaram-se gigantescas e multi platinadas, outras nem tanto. 

Ainda nessa década, tivemos os incríveis (e americanos!) caras do Grand Funk Railroad ofuscando o já consagrado Led em uma turnê conjunta.

Também tivemos no Classic Rock os Garotos Maus de Boston do Aerosmith surgindo e conquistando o mundo com o fantástico Toys In The Attic, de 1975. Tivemos Phil Lynott e sua máquina Irlandesa do Thin Lizzy emplacando o Live And Dangerous  em 1978. Pois é, a década de 70 não foi para amadores. 

E paralelamente com esses nomes, uma cena de “Rock Clássico Progressivo”, se é que podemos dizer assim, também rolava solta e muito bem, obrigado. Nomes como Yes, Supertramp, Jethro Tull, Genesis, Rush e King Crimson faziam um barulho que, em alguns casos, reverbera até hoje.

Mas uma banda de Rock Clássico nascida em 65 e lançada definitivamente para o mundo em 73 passou de todos os limites e até os dias de hoje continua atual… Existe uma discussão sobre eles terem sido ou não Rock Progressivo, mas a questão aqui nem é essa. O ponto principal é: o Pink Floyd quebrou a primeira metade dos anos 70.

Em 1973 o considerado por muitos (euzinho, inclusive) como o maior álbum de todos os tempos, o The Dark Side Of The Moon impulsionou os Londrinos do Classic Rock para o mundo e preparou terreno para o seu sucessor e quase tão icônico Wish You Were Here, de 75.

Pois é, a década de 70 não foi  para amadores.

Rock Clássico anos 80 – Hells Bells: Quem quer viver para sempre? 

Saca aquele dia do ano que o seu feed no Facebook fica lotado de fotos do Kurt Cobain, Renato Russo, Axl Rose e mensagens saudosistas? O tal do dia do Rock? Então, tudo teve início naquele dia 13 de julho de 1985. 

Quando o Freddie Mercury, imponente como sempre, se direcionou ao piano e tocou os primeiros acordes da magistral Bohemian Rhapsody (um Rock Clássico internacional) muito provavelmente nem ele nem as centenas de milhares de pessoas que assistiam a apresentação do Live Aid no JFK Stadium imaginavam que aquela tarde no meio da década de 80 mudaria a história da música para sempre. 

O Queen já era enorme. O sucesso do A Night At The Opera, 1975, já foi o suficiente para alavancar a carreira do quarteto londrino no mundo do Classic Rock. Mas na boa? A coroação efetiva do Queen como a rainha do Rock N’ Roll mundial foi, definitivamente, nos anos 80.

Com marcos absolutos na conta como Under Pressure (com participação do lendário David Bowie. E ah, polêmica aqui: o Hot Space É BOM SIM), Radio Gaga, A Kind Of Magic e I Want To Break Free, o Queen passou de “Ok, uma banda de Rock Clássico grande” para “Certo, não existem adjetivos para dimensionar  o tamanho desses caras”.

Até hoje temos demonstrações do tamanho que Freddie, May, Deacon e Taylor atingiram na cultura pop. Só parar e contar a quantidade de propagandas que usam músicas da banda cantadas por crianças (sério, publicitários:::::: já deu). Até filme premiado com Oscar já rolou para homenageá-los.

Bem, o Queen vinha com o seu Rock Clássico, elegante e cheio de influências do Pop que dominavam na década de 80 (synths everywhere). Enquanto isso, uma banda australiana (que acabara de sofrer com a morte do antigo vocalista) encabeçada por um guitarrista pequenininho vestido de colegial lançava seu maior sucesso de vendas até hoje. Nós saudamos vocês! 

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O AC/DC já tinha conquistado um bom espaço no Classic Rock da década de 70. Lançando álbuns do naipe de Highway To Hell, 75, a banda passou por uma tragédia pessoal com a morte do vocalista Bon Scott em fevereiro de 1980.

Só que é aquele negócio: é um longo caminho até o topo se você quer Rock N’ Roll. E eles sabiam disso mais do que ninguém. Quatro meses após a fatalidade, a banda lançava o premiado e muito bem vendido Back In Black com o novo vocalista, o super carismático Brian Johnson. 

Além do Pós Punk e dos que derivados do New Romantic, a década de 80 também é conhecida por ter sido meio que o ponto alto de dois subgêneros distintos dentro do Rock: o Hard e o Metal, ambos filhos do Rock Clássico setentista.

Evoluindo daquele som iniciado na década de 70 por bandas como o Aerosmith e o Kiss, o “Hard Rock Clássico” conquistou a América nos anos 80, especialmente em Los Angeles. SIM, na Sunset Strip, onde o Guns N’ Roses fazia merda e o Lemmy bebia 90 doses de Whisky por dia!

O Van Halen e o Whitesnake, bandas nascidas nos anos 70, lançaram seus (talvez) trabalhos mais icônicos em 80. Os incríveis 1984 e 1987 tinham músicas esplendidas, tais como:

E lembra quando disse que Tony Iommi basicamente criou uma nova forma de fazer Rock Clássico? Então, não era zoeira. Inspirados pela New Wave Of British Heavy Metal (segunda  onda britânica encabeçada pelo Iron Maiden, Tygers Of Pang Tang, Diamond Head, etc), o Thrash Metal surgiu e tomou de assalto o circuito de Fanzines e trocas de fitas demo.

Esse gênero teve bandas como o Metallica, Exodus, Anthrax, Megadeth, Slayer e Testament na linha de frente. Dá uma ouvida em um marco dessa vertente do Classic Rock:

Ainda na década de 80 tivemos…

  • A primeira edição do Rock In Rio;
  • A morte do prodígio guitarrista da banda do Ozzy, Randy Rhoads;
  • O Scorpions dominando as rádios do mundo inteiro com Still Loving You;

  • O Motorhead lançando nada mais nada menos que Ace Of Spades;

  • O Judas Priest nos brindando com o Screaming For Vengance;

  • A morte de John Bonham…

Pois é, os anos 80 foram movimentados. 

Sangue Latino: O Classic Rock Nacional

É claro, lúcido e evidente: as influências gringas reverberaram no Brasil. Beleza, a geração dos anos 80 foi mais influenciada pelo som do Pós Punk inglês, mas a psicodelia, o Rock Clássico e o prog de 70 que inspirou bandas como o Secos e Molhados a criarem uma identidade única com aquele famoso jeitinho brasileiro.

Com letras inteligentes, performance, androginia e rostos pintados (um abraço para Gene Simmons e Peter Gabriel), o Secos e Molhados veio na vanguarda e, com o seu álbum autointitulado de 73, popularizou o Rock Progressivo no Brasil.  E quiçá o que podemos chamar de Classic Rock nacional!

Ainda na década de 60, uma banda herdeira da psicodelia que pairava na época também ganhou notoriedade. Os Mutantes, banda que levantava a bandeira do movimento tropicalista, é até hoje considerada um dos grupos mais importantes para o Classic Rock Nacional.

Apesar da influência Mor do Rock Brazuka nos anos 80 estar ligada mais com o Post Punk, muitas bandas de Rock Clássico nacionais também beberam da influência do pessoal da década de 70. O primeiro álbum do Barão Vermelho, 1982, por exemplo, leva váááárias dessas inspirações.

Só escutar o segundo som do álbum, a balada blues (será que posso chamar assim?) Down Em Mim. Os fraseados de guitarra no solo do Frejat entregam.

Mas e hoje? E as bandas com influência de Rock Clássico atuais? Existem? 

Mas é óbvio que existe! Já pegamos logo de cara uma referência quando o assunto é psicodelia no Brasil: os goianos do Boogarins.  Os itinerantes do Picanha de Chernobil levam o Rock Clássico por onde passam, assim como os inspirados pelo Surf Rock sessentista Beach Combers. 

Age Of A Man: O Classic Rock na atualidade (90, 00, 10)

Com o fim dos anos 80, a indústria musical passou por uma revolução de níveis bizarros e enormes. Com o surgimento e explosão do Grunge, o número de bandas com influências assumidamente do Classic Rock deu uma diminuída considerável. Mas, como o que é bão nunca morre, tivemos nomes interessantes e dignos de nota de 90 para cá. 

Ainda na década de 90, o The Black Crowes fez um barulho com o seu Hard Rock Clássico malemolente e swingado. O núcleo da banda foi formado pelo guitarrista Rich Robinson e seu irmão, o frontman performático e carismático Chris Robinson.

Abrindo shows pra ZZ Top, Heart e Tom Petty, além de gravarem colaborações com ninguém mais ninguém menos que Jimmy Fucking Page, os The Black Crowes representaram o espírito extravagante do Classic Rock 70 numa década em que a vibe introspectiva e bad feels do Grunge era o que reinava na cultura pop. Ponto positivo para os americanos!

Os anos 2000, apesar de ter sido a década que o Rock vestiu boné dos New York Yankees e casaco da Adidas com a explosão do New Metal, tiveram também seus representantes fortes das origens do Rock Clássico.

Em 2003, por exemplo, ano em que o Linkin Park lançava o Meteora e o Rock oficialmente flertava com uma atmosfera mais moderna, o casal White lançava seu quarto álbum de estúdio com um soco na cara. Elephant, do The White Stripes, já abria com o, eu diria, riff mais emblemático do Rock desde Smells Like Teen Spirit.

Simples, enérgica e grudenta como deve ser uma música memorável  de Rock Clássico, Seven Nation Army é entoada em estádios, arenas, passeatas e tudo que tenha uma mínima concentração de pessoas reunidas (sério, não agüento mais). Um Rock de garagem potente, direto como uma bala.

E como uma carga de eletricidade passando por todo o corpo até chegar na cabeça de quem tem o privilégio de ouvir (desculpa, é essa sensação que tenho quando escuto a introdução Joker And The Thief), o Wolfmother lança seu debut autointitulado em 2006. Um verdadeiro Classic Rock da década

Com músicas que já nasceram hits presentes em filmes badalados de Hollywood e jogos de videogame (sério, vai me dizer que nunca ouviu Woman?), o Power Trio australiano nos brinda com composições de Rock Clássico grandiosas (sim! De arena mesmo) que soam como um híbrido muito doido de Mountain, Sabbath, Blind Faith, Zeppelin, Cream e outras sessentisses/setentisses.

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Trazendo riffs poderosos na década dos samples de guitarra (E AÍ, MARQUIN DJ), o Wolfmother é um filho legítimo da geração Classic Rock de 70.

Chegando pro finzinho da década de 00, surge uma banda californiana com tudo aquilo que a cartilha do Classic Rock pede: Guitarras distorcidas, vocais meio “acabei de beber 15 doses de Whisky mas tô suave” e uma aura Blueseira forte, presente e ativa. O Rival Sons tem tudo isso e um pouquinho mais. 

Logo no primeiro álbum da banda, o petardo Before The Fire, 2009, os caras já mostraram para o que vieram: pra tocar um rock and roll autêntico, sujo e, mesmo com as claras influências de bandas de Rock Clássico antigas, com muita personalidade.

Ok, por incrível que pareça, esse lance da personalidade não foi uma indireta para AQUELA banda que você sabe qual é. Eu gosto muito deles também, ta?

Riffões Bluesy ao extremo sem poupar o uso de slides de Mr. Scott Holiday, aquela voz carregada da alma do Rock N’ Roll cheia daqueles agudões com drives sujos de Jay Buchanan e uma cozinha esporrenta e explosiva como deve ser. Acho que é impossível, para quem gosta de Rock Clássico, não amar com toda força do mundo o Rival Sons.

Já na nossa década, lá pra meados de 2010, uns malucos do Tennessee abriram a porteira de Músicos Novinhos e Bonitos Que tocam um Classic Rock Powerful e Se Vestem Como nos Anos 60/70 (ok, isso pode ter sido uma indireta para AQUELA banda).

O Tyler Bryant And The Shakedown é aquela banda de Rock Clássico que nasceu para ser enorme. O cabeça da parada, Tyler Bryant, além de ter um dom natural de compor canções que grudam na cabeça e soam altamente revival, é um guitarrista de mão cheia. 

Classiqueira de alta estirpe, a banda, assim como os Black Crowes duas décadas atrás, já encheu os olhos e chamou atenção de medalhões como ZZ Top, Aerosmith e AC/DC.

E finalmente:::::: não poderíamos falar de Classic Rock na atualidade sem citar a banda que – falando bem ou falando mal -, mais causou impacto na mídia nos últimos anos. Beleza, você pode achar uma cópia chinfrim do Led Zeppelin. Ou falar que os moleques não são bons, apenas bem agenciados.

Mas fatos são fatos e não podem ser mudados: o Greta Van Fleet é uma banda de Rock Clássico que está enchendo auditórios, tocando em estádios e fazendo um barulho grande por onde passa. 

Diretamente do Michigan, terra do Grand Funk Railroad, o quarteto sabe fazer um som revival com boas doses de nostalgia e saudosismo. Com um álbum e um EP na conta, o Greta bebe boas doses (para algumas pessoas, se embriagam e dão PT de tantas doses) de influências principalmente sessentistas do Classic Rock .

Sempre evocando todo aquele espírito paz e amor do movimento Power Flower que inclusive é o nome de uma das músicas dessa banda de rock clássico atual.

Ok, admito que sou fã da banda. Tenho os discos, já fui em um show e estou com ingressos comprados para o meu segundo (vão abrir pro Metallica). Porém… é inevitável a comparação com o Led Zeppelin, especialmente por conta do vocal Josh Kiszka (que parece um híbrido de Robert Plant com Geddy Lee).

Mas isso nada implica com a qualidade musical dos caras! Acredite, assistir um show do Greta é como se teletransportar por 01:30h para o Rock Clássico dos anos 60 com direito a covers de clássicos do Blues e Country norte americano, solos enormes e jams passando da casa dos 10 minutos.

A banda tem um guitar hero que, apesar de não tocar arpejos com sweep em 786 BPMS multiplicados pela velocidade da luz sobre sete (eu não faço a mínima ideia do que tenha sido isso que acabei de escrever), faz a galera vibrar com seus licks de pentatônica simples porém enxutos e executados de forma totalmente enérgica no seu Classic Rock. 

Também têm um vocal com um controle incrível de voz e ótimos agudos. E pra fechar, uma cozinha não das mais técnicas mas ainda assim operante e que compõe bem o Rock Clássico da banda.

Josh, Sam, Jake e Danny com certeza ainda não atingiram o ápice da originalidade, mas o potencial dos meninos merece ser notado e, – por que não? – celebrado. Afinal, não é todo dia que vemos uma banda de Rock Clássico com moleques na faixa dos 23 anos tocando em rádio, televisão e cinema. 

Além das citadas, felizmente temos muitas outras grandes bandas novas que carregam o espírito do Classic Rock. Nomes como Crobot, Blue Pills e Graveyard cravam a bandeira e representam muito bem o legado que as décadas de 60 e 70 nos deixaram com tanto carinho. 

Afinal, quem o Classic Rock inspirou?

Ser Clássico, além de qualquer coisa, é permanecer relevante com o tempo e não ter data de validade. Com esse raciocínio, podemos considerar bandas de Rock Clássico que não necessariamente levam aquela vibe herdada de suas antecessoras da década de 70 mas que, por mérito, tornaram-se icônicas na cultura pop e consequentemente já são clássicas.

Podemos pensar em Killing In The Name, do Rage Against The Machine. Ou a já citada Seven Nation Army do White Stripes. E ah, é claro, na Smells Like Teen Spirit que acho que não preciso falar de quem. E claro, além de várias mais atuais mencionadas ao longo deste artigo.

Todas essas bandas de Rock Clássico citadas por aqui nesse texto, independente do tamanho ou de suas vendagens, são clássicas por serem relevantes, por inspirarem gerações e gerações de moleques a rasgarem alguns bends na guitarra. São nomes que mantiveram-se no topo – e na boa? – se não caíram no ostracismo até agora, continuarão eternas.

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Matheus Campos

Quase historiador, entusiasta da obra de Edgar Allan Poe, tiete do John Mayer, hater de cadernos de paisagem e mágicos (nada pessoal) que acredita que "Girls Just Want To Have Fun" deve ser o hino da via láctea. Tenho uma foto com a Xuxa, curto uns filminhos do Ari Aster e tudo que eu faço é pela metade.

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